No ano de 2008 o escalador Cedar Wright passou pelo Brasil para fazer filmagens de um dos filmes que fez parte da série (que posteriormente foi vendida em DVD) “First Ascent – The Series”.


O filme basicamente conta como foi a sua viagem ao interior do Brasil. Quem não conhece os bastidores da história fica a sensação de que é na verdade um retalho de imagens bonitas e devaneios de escaladores sem conexão uma com as outras.


O filme começa do ponto que Cedar veio ao Brasil filmar na cidade do Rio de Janeiro e animado por seus anfitriões viaja para a Serra do Cipó. Ficando lá deixa a entender que ficou deslumbrado pelo local e pelas pessoas que o freqüenta. Com a sua câmera DSLR capturou várias imagens de excelente qualidade. Quem acompanhou sua viagem sabe que na época publicava em seu perfil no Vimeo pequenos vídeo-retratos de pessoas e foram muito interessantes.


Talvez ainda saudosista do local e com muitas outras imagens captadas (e não divulgadas) naquela que é considerada a “meca da escalada esportiva brasileira”, resultou no vídeo “pra caramba”. Como foi filmando tudo aleatoriamente e não ter um roteiro definido, o filme não ficou tão bom quanto seus outros publicados quando estava pela região.


Em linhas gerais de seus pouco mais de 10minutos de vídeo, é contada um pouco das intimidades de três de seus amigos brasileiros com os quais viajaram. Há descrições bonitas dos locais, e descrição superficiais de como é a escalada na Serra do Cipó. Porém a ambição de querer transpor algo mais intimista de cada personagem retratado não teve sucesso.


Há sim imagens bonitas capturadas, assim como filmagem de escalada em solo (com direito a um bote arriscado), mas que não ficaram bem aproveitadas dentro do contexto.


Pela ausência de roteiro, alguns diálogos de divagação de escaladores brasileiros ficaram também incompreensíveis. Gravar em DSLR há uma qualidade de imagem excelente, porém há também um problema básico: a péssima qualidade do som capturado pelo microfone da câmera. Quem utiliza este tipo de equipamento para gravar sabe desta limitação. Por isso a qualidade do som no vídeo deixa, e muito, a desejar.


Não há um objetivo de mostrar a Serra do Cipó como um local interessante a se visitar (como realmente é) e sim houve uma preocupação excessiva de mostrar o escalador carioca Lucas “Jah” solando uma via. A ausência de informações de quais vias estava sendo escalada também contribuiu para a sensação de desleixo no roteiro.


Há ainda imagens de um “base jump” em uma cachoeira, que também não foi informada nem a localização nem a altura exata do salto. A qualidade de filmagem foi boa, mesclando câmeras nos capacetes dos saltadores (não havia GoPro na época) com as imagens de sua DSLR. Mas a limitação da quantidade de imagens para que houvesse mais fluidez entre as imagens e depoimento faz com que tudo se pareça mais com um vídeo-clipe da MTV do que um vídeo outdoor.


O vídeo vale a pena ser assistido para que se tirem idéias e ângulos filmados na serra do Cipó, e de “Road Trips”. Mas como um filme de escalada não empolga e está longe das melhores produções que o próprio Cedar Wright já realizou. Talvez por isso tenha sido disponibilizado gratuitamente, porque fica difícil agregar valor monetário a uma produção que está distante de ser considerada imperdível.