Não há uma pessoa no mundo da escalada, seja no Brasil ou no Exterior que nunca ouviu falar sobre a escaladora Lynn Hill.

A escaladora americana é uma verdadeira lição de vida dedicada à escalada. Aliado a isso Lynn é ativista em várias frentes de proteção ambiental e combate ao cancer.

Esta americana de 1,53m de altura, fala suave, e de um estilo de escalada exuberante faz, sempre que possível, todos nós redefinirmos o nosso conceito de possível sobre algo na escalada.

Mesmo sendo uma mãe muito dedicada, ter uma agenda muito concorrida (que levou "tempinho" para alinharmos para fazer a entrevista) consegui fazer com que respondesse pacientemente às perguntas do Blog de Escalada.

Já tive oportunidade de entrevistar muitas pessoas nestes quase 5 anos do Blog, porém nunca tinha conversado com um ícone desta magnitude. Apenas devo descrever que foi um dos momentos mais emocionantes de minha "carreira de blogueiro".

Para mim, Lynn Hill se mostrou muito elegante em suas respostas, e acima de tudo evidenciou que é uma mãe exemplar. Em todas as suas respostas, e contato de e-mail citava sua dedicação a seu filho pequeno.

Se você não sabe quem é Lynn Hill, por favor acesse : http://en.wikipedia.org/wiki/Lynn_Hill

O seu site pessoal está disponível em : http://www.lynnhillclimbing.com/

1 – Sendo você uma escaladora veterana mundialmente, você acredita que a escalada mudou muito desde que começou a escalar?

Sim, claro que a escalada mudou muito.

A escalada se tornou mais “main stream”(popular), especializando-se em sub-categorias do esporte e a cultura de escalada reflete os valores de uma sociedade “main Stream” mais agora do que quando eu comecei a escalar.

2- Você é uma escaladora Professional. Como é o dia e semana de um escalador profissional?

Eu escalo cerca de três vezes na semana devido a eu não ter muito tempo livre como antes por ter um filho.

Eu no momento estou trabalhando em um projeto de vídeo, o que toma a maioria das minhas horas de trabalho.

Aliado a isso tenho um grande volume de pedidos para entrevistas, fotos, palestras, projetar/testar roupas para Patagônia, levantamento de fundos e ser voluntária em clínicas e treinamento em alguns eventos nacionais.

3 – Você é uma “embaixadora” de Patagônia. O que uma “embaixadora” faz (este não é um emprego comum no Brasil)?

Sendo embaixadora significa que sou representante da marca para o esporte de escalada.

Algumas vezes me envolvo em campanhas para o meio ambiente como a http://www.350.org, campanhas para águas potáveis, e vários outros fundos de caridade.

Mas maioria da minha contribuição para a marca tem a ver com projetar roupas e dar o retorno de produtos, produzir conteúdo para WEB (como fotos, vídeos, entrevistas em áudio/vídeo), ou dar palestras instrucionais em eventos grandes de escalada ou festivais de filmes.

4 – Você faz algumas “Clinicas para escaladores”. Como estas clínicas funcionam?

Eu costumava oferecendo campeonatos em vários lugares pelos EUA e alguns na Sardenha, Itália.

Estes campeonatos dá às pessoas a oportunidade para ir para ares de escalada bonitas, conhecer novas pessoas de vários lugares ao redor do mundo e aprender mais sobre movimentação, psicologia, auto-conhecimento, e cultura.

5 – Você agora é mãe de uma criança. Como a maternidade afetou a sua vida de escaladora?

Eu tenho muito menos tempo para ir escalar e viajar destinos de escaladas distantes. Eu sou uma “mãe solteira”, o que significa que eu tenho toda responsabilidade pelo meu filho e eu fico muito tempo com ele.

O pai de Owen vive em boulder, mas ele é ocupado indo para a escola e trabalhando em meio período, então somente o vê em apenas alguns dias da semana.

O fato de que a escalada não é a minha única paixão, mas também vinculada à minha carreira faz com que seja bem desafiante para meu filho gostar de escalada.

Ele prefere que eu fique todo o meu tempo fazendo atividades que ele quer ao invés de algumas outras, como escalar, que está associado com o fato de me levar para longe dele.

Entretanto, mesmo meu filho mostrando potencial para um escalador, ele não quer ser escalador.

Por causa disso eu sou muito cuidadosa em separar minha vida com ele e minha vida de escaladora.

6 – Em teoria, se seu filho quiser se tornar um escalador também, qual seriam os conselhos que daria a ele?

Se divirta e tenha cuidado ao escolher seus parceiros de escalada.

Eu aconselharia também ter certeza de escalar com alguém que confie que seja competente, tenha bom juízo, seja divertido para ficar um tempo com a pessoa.

7 – A “Lynn Hill mãe” é mais disciplinadora ou mais liberal?,

Eu sou do tipo “não convencional” e Eu me considero uma pessoa muito liberal.

8 – Mulheres são bastante vaidosas por natureza. Como é a vaidade de Lynn Hill?

O que você quer dizer com vaidosa?

Eu acredito que este tipo de descrição se encaixa em mim muito bem.

Eu não compro roupas chiques, maquiagem, ou fico me admirando no espelho porque esta mentalidade não é parte da minha vida.

Se tenho alguma, eu prefiro gastar meu tempo e atenção em meu próprio bem estar do que tentar me acomodar segundo os requisitos de outras pessoas.

9 – Você possui admiradores de sua escalada por todo o mundo (incluindo eu), como você encara isso?

Tento ser eu mesma e procuro ser respeitosa e humilde com todos

10 – De todos os estilos de escalada, qual o seu favorito? E Por quê?

Escalada esportiva em lugares bonitos.

Eu adoro estar na natureza em lugares bonitos com pessoas que aprecia coisas simples na vida!

Eu também gosto muito de vias tradicionais de várias cordadas em lugares como as Montanhas Sierra Nevada na Califórnia – um dos mais bonitos lugares do planeta!

11 – Você uma vez afirmou que escalada é uma espécie de “balé na rocha”. Você pratica algum tipo de dança aparte a escalada?

Eu danço de maneira livre a uma boa música. Diferente disso eu não pratico nenhum tipo de dança formal.

12 – Hoje os vídeos de escalada são muitos. Entretanto você aparece muito pouco em algum filme. Por quê?

As pessoas nos videos de hoje são escaladores jovens patrocinados com um time de pessoas que vive de criar conteúdo para seus patrocinadores.

Eu nunca dei muita bola para a mídia.

Mas desde que eu estou fazendo um vídeo sobre movimentação e técnicas de escalada, você pode ver eventualmente algumas imagens minhas escalando e falando sobre meu tipo de abordagem e experiências como escaladora ao longo de várias décadas.

13 – No Brasil estamos tendo alguns problemas de acesso em algumas áreas de escalada. Qual o conselho que você teria para os escaladores brasileiros sobre o que fazer?

Aja de maneira bem delicada e faça o que se puder fazer para preservar e manter todas as áreas de escalada.

Nos EUA encorajamos a ética do “não deixe rastro”, adicionados a isso há esforço para manter trilhas, banheiros, e fechamento sazonal para ajudar a proteger a fauna e flora.


14 – Depois de tantos anos escalando, você ainda tem uma rotina de treinos?

Eu nao treino exatamente.

Eu apenas vou escalar.

As vias e boulders são o meu treinamento.

15 – Hoje, que mensagem você teria para as mulheres escaladoras ao redor do planeta?

Se divirtam, seja vocês mesmas e contribua com algo positivo para o planeta!

16 – Como é a sua alimentação? Você tem alguma dieta rígida para manter peso?

Eu como comida da mais alta qualidade.

O que significa peixes, orgânicos, e comida natural.

Meu filho é celíaco (sensível a glúten) então não comemos muitos pães e sempre compramos massas pães e cereais livres de glúten.

17 – Em seu livro, você disse bastante coisa sobre a sua vida. Porém desde a sua publicação você viveu outras coisas em sua vida. Haverá um segundo livro sobre a sua vida?

Eu duvido muito que eu escreva outro livro.

Eu disse lá as histórias relevantes sobre minha vida e aprendizado como escaladora.

Agora é a vez de outras pessoas compartilharem sua perspectiva sobre a vida e escalada.


18 – No Brasil todos os escaladores são sempre muito ansiosos de que algum escalador famoso visite-nos. Você tem planos de visitar o Brasil para escalar? Se sim, quais lugares você pensa em visitar?

Eu adoraria ir para o Brasil! Eu não sei quando isso seria possível.

Talvez quando meu filho tiver mais uns cinco anos mais velho e não estiver necessitando de mim ao redor tele todo o tempo?

19 – Hipoteticamente se houver uma “janela” em sua agenda para visitar o Brasil, o que o interessado daqui tem de fazer para trazê-la?

Eu necessitaria ir tanto ao verão, ou durante algum intervalo de escola para levar meu filho, se for possível.

Se não, seria melhor planejar uma viagem relativamente curta durante o ano escolar. Mas como já disse, não terei esta oportunidade pelos próximos anos.

Mas estou ansiosa para visitar o Brasil algum dia!