Existe o costume de não valorizar devidamente os filmes nacionais em relação aos estrangeiros. Isso acontece também com equipamentos de esportes outdoor. Por isso esquecemos muitas vezes de olhar para o Brasil com um olho menos cético.

O filme caminhos da Mantiqueira é uma verdadeira declaração de amor à serra da Mantiqueira, e um verdadeiro retrato dos diversos tipos de pessoas que freqüentam e moram na região.

Aliado ao roteiro e edição do filme que é primoroso, a qualidade das imagens são impressionantes.

O filme percorre vários pontos da serra da Mantiqueira mostrando cada lugar de maneira não linear, apenas mostrando cada local e cada personalidade. Mesmo não tendo esta linearidade fica aquela sensação de que o espectador está fazendo um mochilão conhecendo um dos lugares mais ricos de cultura, fauna e flora do interior do Brasil.

No filme fica também uma espécie de video-aula para quem acha que roteiro somente tem de ser linear. O roteiro do filme não é linear, porém ainda assim mostra de forma muito interessante como fazer um filme que passa uma verdadeira impressão de que se tem ao se viajar.

Mesclando narrações explicativas de geógrafos e historiadores com moradores locais de cultura simples o filme encanta em cada nova cena descrita. Cada historia contada é de um bom gosto e de uma relevância para a característica da região que evidencia uma pesquisa muito bem feita e roteiro muito bem estudado.

Para quem não é um freqüentador muito assíduo da região com certeza fica com vontade de colocar a mochila nas costas e também descobrir as muitas histórias ali guardadas e retratadas de tão bom gosto pelos produtores.

Durante cada história passa-se de maneira leve e eficaz cada personagem da região, seja personalidade história como também as suas lendas. Com todo este volume de informações levada pelo filme, é inevitável ser invadido por um orgulho ufanista a respeito da região.

Talvez o único defeito do filme é que perto do seu final fica uma pequena impressão que está com uma duração um pouco maior como deveria. Talvez se houvesse uma produção em dois filmes, ou duas partes seria o ideal. Com a extensão atual, o filme perde um pouco da atenção do espectador mais displicente.

Mas mesmo com isso o filme não deixa de ser uma dos melhores, e mais bonitos, documentários sobre a cultura de montanha do Brasil.

O filme de maneira alguma fica a dever para qualquer produção estrangeira do gênero.

É obrigatório a qualquer pessoa que deseja conhecer um Brasil mais humilde, de paisagem humilde e cheio de histórias interessantes por serem descobertas.